sábado, 5 de fevereiro de 2011

ARTIGOS - Pode ou não pode, é bíblico ou não?

BÍBLICO OU NÃO BÍBLICO
Queridos irmãos


Sempre vejo discussões como essa em todos os lugares em que há crentes. Parece-me que a discussão toda tem apenas dois lados. Em um lado estão os que dizem: "na Bíblia era assim e assado, por isso nós vamos fazer desse jeito". Do outro lado da trincheira estão os que dizem; "não vejo isso na Bíblia, logo, isso não pode ser bíblico..."

Mesmo sabendo dos riscos da simplificação e das generalizações, ouso dizer que nosso problema ocorre exatamente pelo fato de querermos fazer tudo "em nome de Deus" e com sanção "bíblica".

Eu mesmo já estive nessas trincheiras até o dia em que percebi uma expressão que aparece repetidas vezes nas escrituras. Trata-se da expressão "pareceu bem".

Se atentarmos bem para a forma como essa expressão é usada nas escrituras haveremos de descobrir que os homens "bíblicos" fizeram muita coisa apenas porque lhes "pareceu bem" fazer. Ou seja, não era "bíblico" o que eles fizeram. Apenas lhes "pareceu bem" fazer.

Só para exemplificar, o que diríamos se víssemos o real motivo que levou Lucas a escrever um dos evangelhos?

"PARECEU-ME também a mim CONVENIENTE descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo..." (Lucas 1:3)

"Espere aí, Bento, mas isso não é um caso isolado?", poderia perguntar alguém.

"Então PARECEU bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos". (Atos 15:22)

Vejam, meus queridos, a primeira viagem missionária aconteceu porque PARECEU BEM à liderança e à igreja realizá-la. Não houve consulta à bíblia. Não! Eles apenas acharam que PARECEU BEM.

"PARECEU-nos BEM, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo..." (Atos 15:25)

"Na verdade PARECEU BEM ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias" (Atos 15:28)

Notem que o código de conduta para o gentios (nós todos que não somos judeus) surgiu também porque PARECEU BEM.

"Mas PARECEU bem a Silas ficar ali". (Atos 15:34)

O local onde um missionário deveria permanecer, nesse caso, também foi decidido pelo mesmo motivo.


"Porque PARECEU BEM à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os
pobres dentre os santos que estão em Jerusalém." (Romanos 15:26)
"Isto lhes PARECEU BEM, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais". (Romanos 15:27)

A primeira oferta missionária com o intuito de socorrer alguns irmãos que passavam necessidade também aconteceu porque "PARECEU
BEM".

Como eu disse, esses são apenas alguns exemplos de fatos que aconteceram apenas porque "PARECEU BEM" aos olhos dos homens daquelas épocas. Se alguém pesquisar a Bíblia encontrará muitos outros casos semelhantes.

Em vista do acima exposto, quero concluir dizendo o que realmente desejo que vocês reflitam e tirem suas próprias conclusões.

Imagine, por um momento, se tudo isso que se discute, hoje, G12, Igreja com Propósito, Igreja em Células, 40 dias de oração, estilos musicais apropriados para o culto, etc., fosse feito apenas porque "PARECEU BEM" fazer assim ou assado. O que se poderia dizer contra?

Em minha rude avaliação, todo o antagonismo é suscitado porque se tenta dizer que esse ou aquele método é "bíblico" ou "era assim que a igreja primitiva fazia", "isso não está na bíblia", etc.

Me parece faltar coragem em alguns para dizer:
- "estamos tocando rock and roll nos nossos cultos porque nos PARECEU BEM".
- "estamos evangelizando assim ou assado porque nos PARECEU BEM".

- "adotamos esse modelo eclesiástico porque nos PARECEU BEM"
- "preferimos não cantar aquele estilo musical porque não nos PARECEU BEM"
- "estamos ajudando aquela comunidade porque nos PARECEU BEM"
- "não adotamos esse modelo de evangelismo porque não nos PARECEU BEM".

Penso que se passarmos a adotar o princípio claramente exposto nas escrituras, a saber, o princípio de fazer as coisas que nos PARECE BEM fazer, passaremos a ser mais respeitosos com as práticas e pensamentos dos outros.

No entanto, se continuarmos a insistir que tudo que fazemos e pensamos é "bíblico", e tudo aquilo a que nos opomos "não é bíblico", estaremos fadados a viver nessas querelas sem fim --que só desgastam nossas relações e nos impedem de viver o verdadeiro Evangelho. Habitar esse cubículo existencial é ser privado de andar na liberdade para a qual Cristo nos chamou, a qual não consiste em "ordenanças e rituais", mas de consciência em Cristo e na Sua Graça.

Bom, me PARECEU BEM lhes dizer tudo isso.

Abraço

Bento Souto

retirado do site www.caiofabio.net

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