Desde que eu tinha uns 15 anos de idade sofria com umas dores do lado direito do abdômen.
Toda vez que eu fazia qualquer exercício mais forte doía meu lado.
E percebi que certas vezes minha urina ficava mais escura.
Nessa época minha mãe me levava ao médico e nada.
Fiz alguns exames que deram sangue na urina.
Daí fiz outros exames. Até uma ultrassonografia com contraste. Não acharam nenhuma pedra. O médico disse que meu xixi tinha cristais de oxalato de cálcio.
Assim fiquei. Virava e mexia eu urinava sangue. Um médico disse que eu tinha hematúria de esforço. Exames eu tinha aos montes.
Chegou na época de eu me alistar. Levei meus exames.
Na minha cidade, sempre, todo mundo era dispensado. Não naquele ano!
No dia do exame médico do exército lá estávamos. Todos meus colegas de escola. Peladões. Eu levei meus exames. Mostrei ao oficial médico. Ele olhou aquele monte de papeis e disse: “Isso não existe (minha ematuria de esforço – sangramento por se esforçar)”. Em seguida foi olhar seus livros, anotou algo em meu documento e todos fomos encaminhados para outra sala. Todos meus amigos foram chamados para ir fazer um teste escrito. Outros foram dispensados. Ficou só eu na sala.
O encarregado olhou para mim e disse: “Você que é o Silvio?” Falei: “Sim!”. Daí dando uma risada sarcástica disse: “Você tá f*”.
Perguntei: “Mas porquê?”
E ele: “Você foi anotado como categoria B2 e isso significa que você está inapto temporariamente para o serviço militar, ou seja, vai ter que se alistar no ano que vem de novo!!!”
Bom, todo jovem sabe que é um saco se alistar “no ano que você completa 18 anos”, e ficar indo na junta militar para fazer isso e aquilo até pegar a reservista. Eu, sortudo, tive que passar por isso duas vezes. Me alistei com os colegas nascidos em 1972 e tornei a ter que voltar com a turma nascida em 1973.
Naquele dia falei para o encarregado: “Peraí, já que terei que voltar no ano que vem, prefiro já ir este ano e já resolver”. O oficial-médico veio até mim e disse: “Ué, mas você não está doente? A não ser que esteja mentindo!”
Pra resumir tive que passar duas vezes por esta linda experiência de alistamento. Por causa de quê? Dos meus rins que já davam sinais de que iam me trazer muitas alegrias no futuro.
Passaram-se os anos.
Eu já estava casado, bem empregado, e estava indo para a capital com meu patrão. Minha irmã já tinha sofrido anos antes com pedras nos rins. Eu já tinha lido a respeito, sabia que a dor era “pior que dor de parto” e tudo mais. Bom, lá estava eu no carro quando de repente senti uma fisgada do lado direito. Foi tão forte que senti ânsia na hora. Fiquei branco. Olhei para meu patrão que dirigia e disse: “Acho que estou com cólica de rim”.
Ele me olhou e disse: “Mas você já teve? Como você sabe?”. Respondi pedindo que ele parasse o carro que eu iria vomitar: “Nunca tive, mas pelo que já li sobre os sintomas, parece que é isso mesmo”.
Ele parou. Desci do carro. Ameacei chamar o Hugo. O Hugo não veio. Comecei a sentir uma dor lancinante. Entrei de novo no carro. Meu patrão deve ter visto minha cara pois ele falou que iria procurar um hospital imediatamente.
Comecei a me contorcer! Não há posição. Você sente um misto de ânsia, vontade de urinar, de “largar um barro” de fazer tudo. E a dor vai apertando. Horrível.
Eu gemia tanto, quase gritando, e meu chefe em desespero. Chegou a dar duas voltas num quarteirão parecendo perdido.
Chegamos num hospital. Entrei correndo, com as mãos nas costas, chorando já e dizendo: “Estou com cólica de rins”. Na hora a mulher me levou para uma maca, me tirou sangue, me colocou um soro e disse: “Daqui a pouco a dor vai passar”.
Mas o “daqui a pouco” começou a demorar muito. A dor não passava. Eu queria sair da maca, não tinha posição confortável. Tudo estava ruim demais.
Passado longos minutos, a dor passou. Parecia mentira. Parecia que eu estava no céu.
Voltei para minha terrinha. Fui fazer um ultrassom e o doutor disse que provavelmente uma pedra havia se deslocado e já saído, mas que havia outra de 7mm no meu rim direito. Disse que eu teria que implodí-la.
Muita gente fala em cirurgia a laser.
Eu ia fazer a chamada litotripsia. Sim, esse é o nome correto da tal “cirurgia a laser”. Grosso modo seria uma forma de “quebrar a pedra” sem invadir seu corpo. Por isso é uma litrotripsia extracorpórea.
Você deita de bruços, um aparelho encosta na altura do seu rim e começa a emitir ondas de choque. Veja, não seja burro, não é choque elétrico. Choque aqui se refere a impacto. São ondas de impacto. O aparelho bombardeia seu rim com ondas de choque que se propagam até seu rim, quebrando os cálculos renais.
Qual é a sensação? Você ali de bruços, toma um sedativo, o aparelho encosta em você na região do rim (como se fosse uma almofada de couro) e ali fica bem junto do seu corpo. Daí você escuta o barulho como se fosse de alguém martelando algo de ferro. Sim, parecem batidas de um martelo em algo de ferro. E fica “tei, tei, tei, tei, tei”, que são as ondas de choque. Bom, no meu caso eram 5.000 teis que eu teria que tomar. Sim, isso mesmo, cinco mil “marteladinhas”.
No princípio é um pouco incomodo. Depois parece que não vai terminar mais. Depois, no meu caso, me deu náusea. O médico já tinha me dado alguns sedativos. Depois me deu dolantina (o mesmo que dão para mulheres no parto). Até que acabou!
Terminei e fiquei “numa naiss”. Acho que era efeito da tal dolantina. Quando fiquei de pé, o médico me disse: “ao urinar irá sair sangue”. Esse comentário não me preparou para o que eu veria: eu mijei sangue puro mesmo!!!
Daí fiquei todo feliz. Livre da pedra.
Passou dois anos.
Eu estava indo trabalhar e senti uma fisgadinha do lado. Minha barriga ficou dolorida naquele dia. No dia seguinte senti uma pressão sobre a bexiga e o “Zezinho” parecia pressionado.
Fui no meu urologista. Fiz o ultrassom. E lá estava uma pedrinha presa no ureter esquerdo, aquele que leva a urina do rim esquerdo para a bexiga. O doutor disse: “É vamos ter que tirar”. Já me mandou internar.
E dessa vez fiz uma litotripsia intracorpórea. Ou seja, algo ia entrar dentro de mim.
Quem sofreu dessa vez? O “Zezinho”!!!
Sim, o “Zezinho” que estava ali quietinho entrou na dança. Na verdade, não, entraram nele.
É, para tirar a mardita pedrinha lá do ureter, colocam uma sonda em você, pelo “Zezinho”, e chegam até a pedra para quebra-la. O bom disso tudo é que não vi nada. Tomei a raqui. Sim aquele anestesia que lhe adormece “daqui para baixo” e você não pode levantar a cabeça por 12 horas.
Fui para o quarto com a sonda no pingolim. Passei a noite. No dia seguinte, estava tudo bem, exceto por aquela sensação esquisita de vontade de urinar. Mas não precisava, afinal o pingolim, meu Zezinho, estava “entubado”. A sonda ainda estava lá.
Quando a enfermeira tirou a sonda, vi estrelas. A dor é horrível. Embora seja apenas alguns segundos, doí demais!!!
Daí fui até o WC para tentar urinar. H-O-R-R-Í-V-E-L!
A dor era terrível. Parecia que o zé tinha se fechado para o mundo. E a urina parecia que o rasgava por dentro. Sensação detestável.
Mas passou. Voltei para casa inteirão!!! O doutor mandou minha pedrinha para análise e disse que eu deveria diminuir na proteína. E que eu tinha que fazer exame de ultrassom a cada 6 meses.
No final agora de 2010, três anos após minha última pedra, fui de bicicleta pro serviço. Tinha que perder peso. Mas o tranco mexeu algo dentro mim. Advinha o quê? Sim, mas uma pedrinha.
No dia seguinte senti uma dorzinha do lado de novo. Depois uma dor geral na barriga. Depois uma pressão na bexiga e no pingolim. Pensei: “Olha a danada aí de novo”.
Mas achei que ela ia descer sozinha. Não desceu. E estávamos em 23/12/2010. Sem urologista por perto.
Ficou aquela dorzinha chata, mas achei que tudo ia se acertar. Deixei ela lá.
Mas o incômodo foi crescendo. E fui deixando, deixando, até que chegou em Janeiro/2011.
Somente em Janeiro que procurei um doctor, pois antes todos tinham ido a Acapulco.
Conversa vai, pedrinha vem, fui internado para retirar a mardita que tava num meu ureter já deixando-o inflamadinho.
Lógico que todo esse período foi recheado de dores.
Daí fui internado, me passaram a sonda pelo zezinho, tomei uma raqui (dinovo) e pela sonda quebraram a pedrinha.
Aquela noite foi terrível. Acordei de madrugada, na cama, sem poder levantar a cabeça. Aquela penumbra no quarto. As horas não passavam. Quando consegui senti minhas pernas dobrei uma delas. Adormeci. Acordei , não tinha amanhecido ainda e eu não conseguia desdobrar a perna. Tudo escuro. Tive um momento “LOST”. Achei que estava condenado a ficar num local escuro para o resto da eternidade. Pensei: E se tudo isso for uma realidade alternativa em que eu fico aqui sem poder me mexer... Loucura, lógico, mas essas m* passaram por minha mente.
O dia não amanhecia logo.
Mesmo estando de sonda, eu tinha vontade de urinar. E não podia, afinal a sonda já estava tirando a urina pelo Zezinho. Era do Zezinho para uma bolsa embaixo da cama.
Daí uma enfermeira veio trocar meu soro. A propósito tive a impressão que tomei 182 bolsas de soro. Toda hora tinha uma bolsa nova. Perguntei a hora para ela. Eram 6 da manhã.
O Zezinho resolveu me zoar. Começou a acordar e para minha surpresa resolveu ficar “de pé”.
E ele ali, empezinho, puxava algo dentro de mim.
Para tudo ficar mais legal o doutor teve que deixar um cateter do rim à bexiga (um tubinho de cerca de 2mm flexivel que fica ”dreeento” de vc e doi pior que a mulesta) por 5 dias.
Ah, fica um fiozinho de nailon amarrado internamente no cateter e a ponta da linha pra fora do zezinho, amarrado nele. É mole? E o Zezinho sem noção se esforçando para ficar “de pé”. Aquilo puxava o fiozinho, que puxava o cateter e doía. Eu dizia: “Fiinho, não é hora disso, dorme aí”. E ele ali firmão!
Mais tarde, quando ele sossegou, veio a enfermeira para tirar a sonda. Eu sabia que ia doer. E doeu muito mesmo. Só que em determinado momento, daqueles poucos segundos, a mulher me diz: “Nossa parece que a linha (do cateter) está vindo junto”. Mas tirou a sonda. Fiquei com o fiozinho ali amarrado no zé.
Fui urinar. Que dor insuportável. E quando eu forçava para urinar a linha saia um pouco do Zezinho. Que porcaria!
Tomei banho. Fiz um asseio ali. E fui para casa. Durante cinco dias eu tinha que ficar com o cateter. Ele é colocado para que as paredes do ureter não se juntem e “colem” impedindo a urina de sair do rim acabando por comprometer o rim por completo.
Toda hora de urinar era aquele tristeza. A cordinha ia e vinha do bilau. Fora que o Zezinho resolvia, do nada, ficar de pé. Ele, naquela posição de porta-bandeira, ficava puxando o fio que causava dores muiiiito chatas.
Aí eu quis chamar a puliça.
Meu xixi serviria de bebida pra vampiro: era só sangue!
Li num blog que a retirada do cateter era terrível.
Daí no dia marcado o médico pegou o fiozinho que saía do zé e puxou o tal cateter. Sabe o comprimento do negócio? 30 cm, senão me engano. E não doeu. (pelo menos isso).
Achei que depois ia ficar tudo bem e fiquei todo contentão , mas daí a noite doeu, noutro dia doeu bastante, mesmo eu tomando bastante analgésico. E a noite voltou a sangrar. Pesquisei na net e vi que depois da retirada do cateter ainda pode doer e sangrar por alguns dias depois.
No quarto dia as dores passaram. A sensação de vontade de urinar constante parou. E voltei a ser feliz.
Dizem que quem rim por último rim melhor, mas não gostei dessa brincadeira não!!!
eu tirei o meu cateter quarta feira as vezes sinto dores muito fortes na bexiga será que é normal 2 dias sentido essa dor e quando eu urino as vezes sinto tipo algo saindo na urina cheguei a ver tipo umas coisa bem pequenas tipo o xixi da umas travadinhas dependendo do tamanho, ja estou ficando preocupado de novo com essa situação tomo 3 tipos de remedios que o medico me passou depois da cirurgia mais não adianta parece que a dor passa por si só mais não é toda hora isso aconteceu 2 vezes é a noite e a segunda de madrugada.
ResponderExcluirKkkk ri demais com o jeito que você escreveu. ....eu já tive 3 pedras. ..a última fiz litotripsia 8/3/ 14 doeu mais da para aguenta fiz sem anestesia. ...não tive cólicas ainda acho que a pedra não saiu....mas o médico disse que quebrou. ...agora beber 3 litros de água kkkkkk
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