Natal e suas luzes!
Natal e as cidades iluminadas!
Muita gente gosta de ver as luzes de Natal.
E sempre tem aqueles lugares que se tornam cartas marcadas. Todo mundo vai dar uma olhadinha.
Em São Paulo temos alguns lugares clássicos como a Paulista. Minha esposa estava louquinha para ver tudo aquilo.
Bem, nesse ano que findou tínhamos uma festa de aniversário para ir no dia 18/12.
O Bairro: Saúde, zona sul.
Horário: A partir das 20:00hs.
E fomos nós!! A Família: eu, minha esposa e duas filhas, uma de onze e outra de cinco.
Na saída das festa, por volta das 23:00hs, eu, querendo mostrar que sou um exímio conhecedor de São Paulo falei: "Olha, vamos aproveitar que estamos aqui em São Paulo e vamos dar uma passadinha na Paulista para ver os enfeites de Natal".
E completei com ar de quem tem uma inteligência superior: "Veja, já é tarde da noite e agora as ruas estão vazias. Vai ser muito legal para vermos tudo direitinho". Minha filha mais velha gritou "Ehhhhhh".
E tocamos para a Av.Jabaquara.
De repente (não mais que de repente), notei um certo aumento no número de carros. Um certo "congestionamentozinho". Pensei: "Algum desvio, acidente ou coisa parecida". Olhei para minha esposa e filhas e falei: "Fiquem tranquilas é algo momentâneo".
Continuamos!
Fui observando (sou sagaz) que a quantidade de carros estava aumentando de forma rápida. Até então não tinha me ocorrido que em São Paulo não dá para você ter uma idéia original. Quando você pensa em alguma coisa mais Hum milhão e meio de pessoas pensaram a mesma coisa!
Quando nós já estávamos ilhados naquele mar de carros, ainda longinho da Paulista, falei: "Bom, não é possível que todo esse bando de gente está indo para a Paulista!!!" Era!!
Não tinha o que fazer. Tudo devargar. Muito devagar. Melhor, parado, paradáço!!!
Minha esposa que estava animadinha já começou a mostrar sua cara "que merd@ você fez??!!" Fiz de conta que não era comigo.
As crianças no banco de trás começaram a ficar impacientes. Não preciso nem dizer que a essas alturas do campeonato já tínhamos escutado todo CD da Kelly Key. A bem da verdade a pobre cantora já estava até rouca de tanto cantar.
Tive outra idéia brilhante. Vou ver no rádio o que está acontecendo. Nada. Ninguém dizia nada. Parecia dia de enchente, só que ao invés de o nível de água subir, era o número de carro crescendo. Assustadoramente. Mas eu ali, firmão, mantendo o bom humor, afinal a gente ia ver a Paulista e eu ia dar aquele prazer visual para minha família.
Minha mulher começou a perguntar, indignada: "Mas o que é isso? O que está acontecendo?".
Eu falei: "Isso é Sampa. Sempre acontece isso comigo", lhe mostrando o quanto sofre os paulistanos com o trânsito infernal da cidade da garoa. Mas eu dizia ainda com aquele ar superior, aparente tranquilidade, de quem já está acostumado com aquilo. Mas o negócio estava ficando sinistro. O semáforo que nós chamamos simpaticamente de farol, mudava de cor e ninguém saia do lugar. No vermelho, todos parados. No amarelo todos parados. No verde... Todos parados. E assim foi por longos e intermináveis minutos. Quando andávamos alguns metros logo se chegava a novo farol e novamente ficávamos vendo o show de luzes do farois. Sim, do semáforo e das lanternas dos carros. Comecei a ficar levemente irritado. Já minha esposa tinha o rosto desfigurado. Tive medo dela. Olhar esbugalhado, sobrancelhas arqueadas para baixo com toda força, resmungos ininteligíveis, desespero indignado, e pior com aquela expressão que me dizia: "É tudo culpa sua".
Minhas meninas começaram a brigar e perguntar a cada 1 minuto: Já chegou? Já chegou? Já chegou? Já chegou? Minha menorzinha perguntava: "Mas papai porque você não vai mais rápido". A maior dizia: "Pai coloca outra música". A menor: "Pai a Rebeca tá pondo o pé em mim". A maior: "Pai a Ana Laura não deixa eu esticar o pé". A pequena: "Pai posso sair da cadeirinha?". A maior: "Pai coloca outra música". Minha esposa: "Dá pras duas calarem a boca". As duas: "Mas é ela mãe". Minha esposa: "SE não calarem a boca vão apanhar AGORA". E olhava para mim e dizia: "Porque você quis vir aqui hoje? É sempre assim? O que está acontecendo? Não tem como a gente sair daqui?".
Pausa: A gente estava ilhado naquele mar de carros. As ruas que entravam na avenida traziam mais carros. Entupido de carro e minha esposa: "Não tem como a gente sair daqui????"
Surtei!! Comecei a dizer: "Vc não queria ver as merd@s das luzes??? Taí tá vendo quantas luzes vermelhas (lanternas dos carros) e aquele ali que fica mudando (semáforo)." Tá contente agora? Tá satisfeita com as luzes???" Daí escuto: "Mas a idéia foi sua!!!" É sempre assim, acontece o que acontecer, a culpa é sempre minha... Começou aquela discussão dentro do carro, as crianças começaram a brigar e chorar...
De tão trágico comecei a dar risada. Ela me olhou com olhar de desprezo e disse: "Bom ficou doido de vez!".
E eu me lembrei daquele vídeo do ladrão que foi pego por um sujeito que o colocou debaixo do braço que estava com uma catinga braba.
Quem não viu aquele vídeo deve ver. O ladrão mineirinho diz: "Eu falei prele que ia ficar quietin, mas ele prendeu minha perna. Olha a covardia. Eu tava correndo dos heroi... Foi um bombadão, fedorento... Enquanto ele tava me batendo não tava ruim não, mas depois que ele me colocou debaixo do braço eu disse: "Chama pulícia, chama a pulícia". A subaqueira do cara tava braba".
Então nessa hora comecei a rir e lembrar disso. E imitando o minerin eu falei o seguinte: "Eu tava quietin lá em casa, mas minha esposa disse: "Quero Paulista, Quero Paulista". Enquanto eu tava na festa tava ruim não, mas depois que chegamo na avenida, daí ficou ruim".
Falei assim e daí minha esposa até sorriu, mas voltou a fechar a cara e disse que a culpa era minha. Que ela não queria ver mais porcaria de Paulista nenhuma e que queria ir embora. Só ela né? Eu também!! E como!
Estava tão desesperador o lugar que tinha carro que passava por cima da calçada, atressa o canteiro, e voltava no contra-fluxo. Mas eu ia resistir bravamente até o fim. Agora custasse o que custasse eu ia ver a bosta das luzes da Paulista.
Quando chegamos na beira da entrada da Paulista, os marronzinhos estava desviando o trânsito. Não dava para entrar nela. Daí eu fiquei macho. Eu ia entrar pelas laterais, fazer qualquer coisa, mas que eu ia ver a Paulista eu ia. Eu e mais 800 carros pensamos a mesma coisa. Entramos numa rua paralela. Andamos a passos de tartaruga reumática até a primeira entrada a esquerda. Subimos e tcharammm e... Entramos na Paulista. Falei para minha esposa. Pega a máquina e filma tudo, até o hidrante. E sabe que horas eram? Num trecho que você faz em 15 minutos demoramos 2 horas e meia. Mas enfim entramos na tão sonhada Paulista. Sabe da maior? Muita coisa apagada. E ouço da minha esposa: "Não acredito que você me fez passar por tudo isso para ver essa porcaria?" A grande passarela que tinha boneco de Noel de 3 metros estava toda apagada. As árvores do Triaon que em outro Natal estavam com as luzes verdes, de baixo para cima, iluminando tudo, estava apagadas. Só tinha uma árvore de luizinhas roxas. Demoramos mais 40 minutos para atravessar "aquele paraiso de luzes". Saímos da Paulista às 2:10 minutos. Total do trajeto maravilhoso: Três horas e 10 minutos.
Falei pra minha esposa que dá próxima vez que ela quiser ver luzes vou comprar 25 caixas de pisca-pisca e ela que ligue e fique vendo.
Pelo menos ela disse que nunca mais na vida quer ir de carro na Paulista ver as luzes.
Nos dias seguintes passou na TV o festival lá de Gramado. Ela falou assim: "Olha que luzes lindas, acho que eu choraria de ver coisas tão bonitas ao vivo". Falei: "Não sei porque você está dizendo isso. Depois que vimos a Paulista, isso não é nada" E completei: "Se quiser VAI PRA GRAMADO SOZINHA!!" Eu, hein!!!!
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