quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

DEUS ILUSÃO OU REALIDADE - Livro de Jung Mo Sung

Minha opinião sobre o livro "Deus: Ilusão ou Realidade" de Jung Mo Sung: (email que enviei a um irmão na fé)

Eu entendi o posicionamento do Jung e compreendo que este deve ser o caminho mesmo.
O que de fato sempre foi combatido pela maioria dos ateus é o posicionamento daquilo que foi feito do Cristianismo. Em nome de Deus muitas barbaridades gigantescas foram executadas.
Logo, conduzir a questão ao ponto básico da gratuidade do amor como reflexo de Deus imerso no contexto humano é aprazível, compreensível e mostra um lado que talvez muitos ateus não levaram em conta.
Nas minhas sanhas fundamentalistas já debati com ateus mas sempre percebendo que o ponto criticado por eles era a forma com os cristãos eventualmente demonstravam suas crenças além das visíveis injustiças da vida. Nessas discussões notei que o intuito do meu interlocutor era apenas achar novas nuances para criticar esta ou aquela postura humana ou simplesmente dizer: "Se Deus existe porque isso, aquilo, etc". Não era o tipo de conversa onde há progresso. Já com meu sobrinho, um adolescente pré-agnóstico, tive uma conversa muito boa. Pude compreender seus argumentos, suas dúvidas, e acabamos trilhando um caminho interessante sobre o que é ser cristão (que basicamente reside na vivência do amor ao próximo). Busquei lhe mostrar o que isso significava no dia-a-dia, na minha compreensão do que essa palavra carrega. Ele está naquela fase de rebeldia, de contestar, de fazer algo que lhe dê motivos para lutar, mostrar sua força, etc. Nessa toada sua fascinação é por demônios. Sua paixão é a série "Sobrenatural". Foi pegando o gancho da série (que menciona o apocalipse) que pude lhe mostrar o que diz a Escritura e tudo mais). Ele entendeu, mas tem aquela idéia ainda de que o "crente" é o bonzinho, coitadinho, que não pode se divertir, que não pode isso ou aquilo, enquanto os "do outro lado" são arrojados, corajosos, fortes, etc. Mesmo assim notei que ele compreendeu muita coisa que, penso eu, a seu tempo produzirá frutos.
Contei essa historinha para partilhar com você minha percepção da questão trazido pelo Jung. Lá vou eu!
Como lhe falei entendo perfeitamente a proposição do autor. E acho que o caminho que deve ser seguido se queremos "desmonstrificar" o que foi feito do cristianismo. Infelizmente hoje acabamos assistindo a nossa volta um show de horrores! Lembro-me de Paulo, na carta aos Romanos dizendo: "Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós".
Muitas vezes tenho vergonha de dizer que sou crente, não por Cristo Jesus, mas porque o estereótipo está associado apenas a tão somente a "oferta e dízimos".
Por isso acredito que mostrar que ser cristão compreende, em essência, a valorização da vida humana, o respeito entre os semelhantes, a doação, a gratidão, a esperança, serve como um colírio para os olhos cansados dos dias atuais. É aquela lembrança gostosa daquele que nos guia a pastos verdejantes e fontes de águas tranquilas.
Hoje Laion sou, no jargão de nosso meio, um evangélico protestante pentecostal clássico. Tive um encontro real com Cristo aos quinze anos de idade. Na época era desigrejado. Eu me entendia como católico-espírita. Mas passei por uma experiência marcante com Jesus. Apaixonei-me por Ele. E frequentando uma capelinha achei que deveria fazer minha primeira comunhão. Lá fiquei até aos meus vinte e três anos. Tive cargos e responsabilidades, e por ir lendo as Escrituras me afastei de lá e fui para uma igreja evangélica.
Porque estou lhe contando isso?
Enquanto estava na ICAR fiz um curso de ministros. Lá me "ensinaram" que o mar vermelho não abriu, que Jesus não multiplicou os pães (foi apenas um lanchão comunitário), que isso e aquilo. Como eu cria nos milagres e estava desaprendendo fui me desgostando de tudo aquilo.
Bom, no igreja evangélica vi muitos milagres, tive experiências formidáveis, convivi com pessoas que poderiam dizer que os Atos dos Apóstolos estavam acontecendo novamente.
De um lado a ICAR sempre talhou sua atuação na área social. Vemos o movimento da Teologia da Libertação, a inculturação, etc. O movimento dos Bispos sempre envolvidos com as questões sociais. Porém os carismas foram abandonados por completo. Houve um pequeno resgate disso na chamada Renovação Carismática, embora tal ala não seja bem vista em todos os seguimentos católicos. Além do mais, como o movimento parecia muito com algumas igrejas pentecostais, os carismáticos para reforçar sua identidade mergulharam numa "mariolatria" assustadora.
De outro lado temos as igrejas pentecostais (muitas chamadas renovadas) que abarcam os carismas, mas degringolaram para uma ênfase tão grande nos chamados "dons" que surgiram aberrações como "unção dos quatro animais", "riso", entre outras esquisitices. E parecem que se fecharam em si, num êxtase de suas visões, esquecendo o lado humano, social da ética e moralidade do evangelho. Também há um ponto a ser considerado que é a advertência do Senhor sobre aqueles muitos que dizem "Senhor, Senhor" e que fizeram tantos milagres em nome de Cristo, mas que não eram conhecidos de Jesus por praticarem suas iniquidades.
Em resumo, Laion, o que quero dizer que a maior demonstração do carater cristão é aquele "vejam como se amam", "no amor que tiverdes uns pelos outros". Sim, entendo que essa deve ser a bandeira do cristão. Contudo penso que os carismas e o poder sobrenatural de Deus não pode ser ignorado. Sei que o Jung nem tocou nesse assunto pois a proposta era mostrar Deus no contexto humano através do amor gratuito. Contudo, sinto que há necessidade também de que o poder de Deus seja manifesto.
Lógico que não endosso o que muitas igrejas de prosperidade pregam. Não endosso o "toma lá, da cá" com Deus. Chego a crer que muitas vezes pode ser apenas o poder latente da alma que multiplica os milagres aos borbotões. Não é esse tipo de milagre nem essa propaganda que defendo. Mas acredito que haja espaço para a manifestação sobrenatural de Deus dentro da integridade dos cristãos, sem vínculo a dinheirama que se vê hoje.
Bom, não sei se ficou claro meu ponto de vista. Queria o ponto de vista do Jung sem deixar de evidenciar o poder dos carismas de Deus. Entende?

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